Rapidamente aspirei a última palavra como se fosse possível que eu a engolisse. Toquei de leve meus lábios ainda levemente úmidos pela palavra vacilante com minha mão direita trêmula. Levantei os olhos e percebi que ela ainda olhava para a peça de roupa que estava dobrando.
Nenhum gesto de sua parte! Será que ela aprendeu a disfarçar suas emoções mais que eu? Cadê aquele olhar desafiador que ela desenvolveu ao longo dos anos? Tão pouco tempo longe e ela já mudou tanto assim?
Ah! Ali, bem ali!!!
Aqueles dedinhos estão buscando mais um cabide que era da minha casa. Claro que ela ouviu. Ver esses objetos que agora fazem parte de uma outra vida não faz sentido pra mim, preciso de um tempo, mas ela está tagarelando sobre alguma coisa que não tem importância.
Respirei fundo, parecia que eu não tinha respirado desde o momento que o cabide apareceu. Foi então que eu percebi.
Você não cabe mais em mim.
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